sábado, 6 de novembro de 2010

Tema I - Discursos sobre Comunicação Intercultural e Alteridade: Agentes, Intecionalidades e Contextos


Após a leitura do texto escrito pela Prof. Luísa Aires, que me suscitou algumas dificuldades de interpretação, no entanto julgo que dá bastantes respostas/pistas, na compreensão do tema proposto, “Vozes da nossa cultura, sobre outras culturas”.

Numa primeira fase, o aspecto que destacaria na teoria do dialogismo de Bakthin, reside na primazia do dialogo livre a plural, através do qual o homem em interacção com os outros constrói a sua própria identidade, numa relação dinâmica de interdependência entre sujeitos dialogantes.

Numa segunda etapa, o homem em interacção dialogante com os seus pares, não constrói somente a sua identidade, mas também origina a criação de uma identidade cultural, um grupo de pertença, nascido do diálogo feito de enunciados e de interpretações dadas a todos os elementos presentes na comunicação.

Dentro desta lógica analitica, na minha opinião, ao associarmos o diálogo à construção das identidades individuais e de grupo, podemos afirmar que as diferentes culturas, surgem de contextos variados em que este processo se desenrola, criando desta forma identidades diversas.

Por último destacaria do texto em análise, a questão da ideologia dominante, que surge como oposição a um dialogo entre diferentes ideologias, entendi esta referência, como uma hegemonia das culturas dominantes, que impõem os seus modelos/soluções sociais, às demais, que não têm a mesma abrangência, neste contexto de mundo global.

Em resposta à pergunta concreta colocada pelo tema, existem na nossa sociedade, uma multiplicidade de culturas, decorrentes da nossa própria história enquanto nação e do actual contexto de um mundo globalizado, onde os movimentos de pessoas e de informação fazem ecoar na nossa cultura diferentes vozes.

Estas diferentes manifestações culturais que se encontram na nossa cultura podem, na minha opinião, produzir alguns choques/cisões entre as variadas formas de estar e entender o mundo e a vida, podendo gerar tensões sociais e incompreensões mútuas, daí a importância da educação intercultural para ajudar a compreender/aceitar/conhecer o outro que é diferente.

Para além da negação do outro, pode dar-se o fenómeno de incorporação cultural, existindo na sociedade de acolhimento uma aceitação das diferentes praticas contribuindo para a construção de uma nova identidade cultural, decorrente da assimilação das variadas pertenças.

No nosso contexto particular, na posição de sociedade de acolhimento, julgo que existe uma tolerância com as diferentes “vozes” presentes, no nosso espaço cultural, manifestando-se estas das mais variadas formas, seja através de associações de carácter cultural, ou pelos comportamentos individuais que manifestam um diferente entendimento do mundo e da vida. Estando inclusivamente estes direitos individuais consagrados em documentos legislativos, nomeadamente na nossa Constituição da República.

No entanto, toda a nossa construção como sociedade nos mais variados domínios, têm uma matriz decorrente da nossa cultura e essa “voz” vai invariavelmente fazer “eco”, nas outras identidades presentes em Portugal, uma vez que vai impor determinados modelos e modos de organização social.

Bibliografia

AIRES, LUÍSA “ O Eu e o Outro nos Diálogos Sociais”

Sem comentários:

Enviar um comentário