quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Qual é questão ou afirmação que gostariam de propor sobre o papel da Comunicação Intercultural nos dias de hoje?


No actual contexto da globalização, em que existe um aumento generalizado do número de pessoas em movimento, terá como consequência um maior contacto entre as diferentes culturas, facto que só por si, atribui na minha opinião uma grande importância há comunicação intercultural. No entanto, a globalização não se manifesta somente em movimentos migratórios, existe também uma maior circulação de informações, decorrentes da evolução da tecnologia que permite uma livre circulação de um vasto e diferente conjunto de conhecimentos humanos, nos quais também se manifesta a cultura.

Em suma, podemos dizer que, as diferentes sociedades humanas estão muito mais expostas ao contacto com as diferentes culturas, podendo por esta via aumentar as tensões sociais e os conflitos, por via de entendimentos da vida e do mundo opostos e neste âmbito o papel da comunicação intercultural têm a maior importância.

Na minha opinião, nos dias de hoje, esta àrea de trabalho pode ter um papel de mediação entre as diferentes culturas, na medida em que reconheçe o direito à diferença, conheçe e compreende a diversidade cultural, podendo desta forma, estabelecer formas de expressão (oral ou escrita) que permitam uma comunicação informada e igualitária, entre os diferentes interlocutores. Este trabalho é da maior importância, uma vez que, possibilita que a comunicação entre as diferentes culturas, seja feita sem falsas interpretações e/ou duplos sentidos, o que vai ter como consequência um maior entendimento e compreensão face ao outro.

Outras definições para a Comunicação Intercultural

Infopédia

Disciplina científica que estuda os processos de comunicação entre representantes de culturas diferentes. A noção de cultura é compreendida de maneira muito vasta e abarca igualmente as culturas nacionais, como, por exemplo, a cultura portuguesa ou a cultura francesa, e as culturas ao nível supranacional, como, por exemplo, a cultura mediterrânica ou a cultura oriental. Alguns autores incluem também a comunicação entre mulheres e homens ou a comunicação entre grupos maioritários e minoritários pertencentes à mesma cultura ou nação. A comunicação intercultural (intercultural communication ) pode ser dividida em cross-cultural communication , que compara os padrões comunicativos em várias culturas ou subculturas, e a comunicação e relações internacionais (communication and international relations ), que analisa a comunicação entre nações e líderes políticos. Entre as subdisciplinas da comunicação intercultural pode incluir-se também a vertente comparativa de estudos mediáticos (comparative mass communication ), que estuda o funcionamento e implicações culturais de sistemas mediáticos, e a developmental communication , que investiga o aspecto cultural das mudanças económicas e sociais, principalmente em países em vias de desenvolvimento.
Actualmente, as teorias da comunicação intercultural partem do princípio do relativismo cultural, quer dizer, reconhecimento da relatividade de normas de cada cultura.

comunicação intercultural. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-02-23].
Disponível na http://www.infopedia.pt/

Wikipédia (Revisto)

Os estudos sobre a Comunicação Intercultural, vêm procurando uma resposta para a dúvida de como as pessoas conseguem compreender-se umas às outras quando não possuem as mesmas experiências culturais. Aspectos relevantes de uma cultura podem facilitar o aprimoramento da competência intercultural de um falante, já que somente a aprendizagem de estruturas lingüísticas não é sinônimo de sucesso para essa compreensão. Milton Bennet, um importante nome nos estudos interculturais, em seu artigo “Intercultural Communication: A Current Perspective” (1993), caracterizou dois tipos de cultura: a cultura objetiva e a cultura subjetiva. A Cultura Objetiva consiste nas manifestações produzidas pela sociedade, como literatura, música, ciência, arte, língua, enquanto estrutura, entre outras; seria o produto concreto criado pela sociedade. Por outro lado, a Cultura Subjetiva pode ser encontrada em manifestações abstratas, como valores, crenças e no uso da língua, levando a uma competência intercultural.
A língua é vista em muitos trabalhos como um instrumento de interação humana. A cultura subjetiva, ou seja, os valores e as normas culturais, modela as diferentes formas de interação entre um falante e um ouvinte. Estes valores e normas estão presentes na competência comunicativa dos participantes, ao fazerem determinadas escolhas durante a interação social.
A cultura norte-americana, por exemplo, é marcada por uma directividade no tratamento interpessoal. Eles são informais, espontâneos e usam o mesmo tipo de tratamento com diferentes pessoas. Para os americanos, ser formal é fazer uso de complexos métodos de tratamento e rituais, que são encontrados em outras culturas, refletindo a respectiva sociedade, como a japonesa (Stewart & Bennett, 1991).

In communication the American mentality is practical, favoring beliefs, resolutions, and intentions as the content of messages. These elements are controllables and consequently can be assimilated in communication. (...) When we compare American emotional expression in communication with styles in other societies, we can conclude that emotion in American communication lies somewhere in midrange. Arabs and Latin Americans generally consider Americans to be cold, while the Japanese judge American communication to be emotional. (Stewart & Hall, 1991, apud Meyer, 2002, p. 2)

Percebe-se, diante dessa breve comparação, que língua e cultura são dois instrumentos inseparáveis. A língua é um instrumento vivo e constantemente em desenvolvimento. Diariamente, ela sofre influência da cultura, seja na escrita ou na fala, “(...) dificilmente língua e cultura podem ser separadas. Consideramos que a língua é um dos sistemas de expressão de uma cultura e que diferentes línguas apresentam preferências que são influenciadas pela cultura” (Grabe & Kaplan, 1989, apud Oliveira, 2000, p. 50).
Esta afirmação é claramente observada na língua falada, que não pode ser controlada como a língua escrita. Não é a língua que determina o comportamento de seus falantes, mas exatamente o contrário, ou seja, esse comportamento é que pode influenciar o uso dela. Este facto remete à cultura subjetiva apresentada por Bennett.

http://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_e_cultura

sábado, 6 de novembro de 2010

Tema I - Discursos sobre Comunicação Intercultural e Alteridade: Agentes, Intecionalidades e Contextos


Após a leitura do texto escrito pela Prof. Luísa Aires, que me suscitou algumas dificuldades de interpretação, no entanto julgo que dá bastantes respostas/pistas, na compreensão do tema proposto, “Vozes da nossa cultura, sobre outras culturas”.

Numa primeira fase, o aspecto que destacaria na teoria do dialogismo de Bakthin, reside na primazia do dialogo livre a plural, através do qual o homem em interacção com os outros constrói a sua própria identidade, numa relação dinâmica de interdependência entre sujeitos dialogantes.

Numa segunda etapa, o homem em interacção dialogante com os seus pares, não constrói somente a sua identidade, mas também origina a criação de uma identidade cultural, um grupo de pertença, nascido do diálogo feito de enunciados e de interpretações dadas a todos os elementos presentes na comunicação.

Dentro desta lógica analitica, na minha opinião, ao associarmos o diálogo à construção das identidades individuais e de grupo, podemos afirmar que as diferentes culturas, surgem de contextos variados em que este processo se desenrola, criando desta forma identidades diversas.

Por último destacaria do texto em análise, a questão da ideologia dominante, que surge como oposição a um dialogo entre diferentes ideologias, entendi esta referência, como uma hegemonia das culturas dominantes, que impõem os seus modelos/soluções sociais, às demais, que não têm a mesma abrangência, neste contexto de mundo global.

Em resposta à pergunta concreta colocada pelo tema, existem na nossa sociedade, uma multiplicidade de culturas, decorrentes da nossa própria história enquanto nação e do actual contexto de um mundo globalizado, onde os movimentos de pessoas e de informação fazem ecoar na nossa cultura diferentes vozes.

Estas diferentes manifestações culturais que se encontram na nossa cultura podem, na minha opinião, produzir alguns choques/cisões entre as variadas formas de estar e entender o mundo e a vida, podendo gerar tensões sociais e incompreensões mútuas, daí a importância da educação intercultural para ajudar a compreender/aceitar/conhecer o outro que é diferente.

Para além da negação do outro, pode dar-se o fenómeno de incorporação cultural, existindo na sociedade de acolhimento uma aceitação das diferentes praticas contribuindo para a construção de uma nova identidade cultural, decorrente da assimilação das variadas pertenças.

No nosso contexto particular, na posição de sociedade de acolhimento, julgo que existe uma tolerância com as diferentes “vozes” presentes, no nosso espaço cultural, manifestando-se estas das mais variadas formas, seja através de associações de carácter cultural, ou pelos comportamentos individuais que manifestam um diferente entendimento do mundo e da vida. Estando inclusivamente estes direitos individuais consagrados em documentos legislativos, nomeadamente na nossa Constituição da República.

No entanto, toda a nossa construção como sociedade nos mais variados domínios, têm uma matriz decorrente da nossa cultura e essa “voz” vai invariavelmente fazer “eco”, nas outras identidades presentes em Portugal, uma vez que vai impor determinados modelos e modos de organização social.

Bibliografia

AIRES, LUÍSA “ O Eu e o Outro nos Diálogos Sociais”